É sobre as
pedras que os corpos se apuram.
Entram pelas
mãos, dispõem olhos pela luz.
Disse ao meu
irmão: que fracos somos
quando
queremos arder. E disse-lhe:
que fortes.
Que imensamente voz no poderoso
rio da
cabeça.
Então quis
sucumbir à lentidão da fome.
Trouxe
laranjas para um deus menor como
um dia alto.
Perdi-me num campo de papoilas,
descrendo
dum amor brutal e sem consequências.
E era eu
muitas vezes, o corpo arqueava sumptuosas
ironias.
depois, não
há depois. há uns olhos sulfurosos
a decantar
paisagens gordas.
canteiros de
armas,
cintilações
de rosas. a minha mãe exposta como um templo
no princípio
de outra coisa. e a vida. qualquer coisa breve
para
entenderes: um sino ou uma ideia.
palavras
pequenas do tamanho do mundo
pessoas do
tamanho de palavras do tamanho do mundo
sentadas
encostadas ao destino da raiva no mundo
perdidas por
dentro achadas ao centro
de si
próprias do mundo
Rui Costa. Myke Tyson para principiantes. Lisboa: Assírio & Alvim, 2017.
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