o inverno chega
desacompanha a manhã.
Noite é dia noutro mundo.
Tanto se fecham as madrepérolas
como se rasgam nas palmas das mãos
as seguintes vitórias.
Não as escolhemos por acaso
mas por acaso foram elas que escolhemos.
Rebenta-te, granada
diz a consciência ao suicida.
Mas lembre-se dos outros,
dêem causa dos outros: porque
se matam os que nem causa têm?
A honra perdida flutua por longe
com nenhum destroço válido se dá à costa
casar está fora de hipótese
ei-la, a noite sem desconto
a descoberto:
Antes de ela ir, com sorte, à lua
e assim mostrar,
vai-se morrer ao sol,
e desta feita.
Noite é dia noutro mundo.
O Sangue por um Fio. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.
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