sexta-feira, 8 de abril de 2016

Van Gogh, a orelha e os corvos - António Amaral Tavares

Cortar uma orelha é coisa pouca
para quem tanto ouve pancadas de luz.
E talvez à luz tenha entregue afinal
em demasia o lodo que vertia em
cada quadro. Um campo de trigo
devassado por corvos faz-nos perguntar
que morada ocuparão eles findo o verão
esse vocabulário mínimo de morte.

E sábio como era apontou a arma.

António Amaral Tavares. Telhados de Vidro. Coimbra: Palimage, 2012. 

Retirado daqui.

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