quarta-feira, 18 de maio de 2016

Mortos-Vivos - António Carlos Cortez


  • E não temos palavras para ser
  • Regressamos em silêncio aos dormitórios
  • No olhar trazemos o vazio
  • e dentro do vazio somos carnívoros
  • Saímos para a noite embriagados
  • O rosto que temos não nos chega
  • Os olhares vítreos são mesmo de vidro
  • com suas lâminas compramos o prazer
  • Não temos palavras para ver
  • somos corvos e chacais e somos cobras
  • E um rio tumular percorre os corpos:
  • o grito de Munch o rio de lama
  • em peitos tatuados    em sexos
  • esculpidos    De piercings na língua
  • os olhos injectados  nós somos
  • tubarões   nós somos mortos-vivos
Retirado daqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário