ela espera-o ansiosamente.
sempre que pode, sonha com ele a entrar em casa,
a mão a abrir a porta, a cumprimentar o cão de loiça,
a abrir os braços em vez de os levantar.
tem uma manta de retalhos que lhe quer oferecer
e que faz e desfaz, dado o nervosismo,
a incerteza de que o produto não é fiel.
trata as fotografias antigas por tu,
como velhas companheiras de viagem e
chora a ausência da sua antiga família.
quando vê filmes, também ela
acha que já foi rainha.
ele é camionista ou imigrante ou sei lá.
de vez em quando telefona-lhe e diz que
em breve estará em casa.
ela ouve sons, a estrada, o asfalto,
às vezes os motéis, quase que tosse de sentir tanta sujidade,
as sirenes, a água a correr.
ela quando pode deita-se e sonha.
aguarda. ele quando se deita sabe que não poderá
regressar.
Eh, pá! Tive o privilégio de te ouvir a recitar isto! :)
ResponderEliminarAbraço e continua!