terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um poema de José Duarte


Para L.

Subíamos a rua descontraidamente
sem preocupação com a
subtileza do tempo. Quando chovia
abria o guarda-chuva, dava-te o braço
e percorríamos as ruas com edifícios
cor de tijolo. Eu sorria e tu sorrias.

Quanto mais não fosse era bom estar no quarto
a ouvir a chuva a bater, a ver as gaivotas
na rua em frente à espera da mão do
misterioso senhor que abria a janela para lhes
dar comida, sempre à mesma hora.

Se, por vezes nos distraímos do que estávamos
a fazer, era porque o silêncio tinha uma
dimensão mágica. Todas as línguas em todas
as vozes.

Não me esqueci ainda do toque, nem
das carícias às escondidas. Pequenos segredos,
que ocultam um ainda amor de juventude.

José Duarte, 2012   

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