terça-feira, 26 de março de 2013

António Carlos Cortez - Arte Poética e Não

A poesia é o signo extremado. Estremecendo, plástica, a palavra rasga. Contra a opacidade dos dias, a cristalização da frase, límpida, com seus sintagmas oferecendo ao lado de lá da tela a história original de um mundo. Estremecendo, o leitor sobrevive e insiste em reler passagens que, de algum modo, o penetram por imagens, flashes. Assim, contra os actos não há argumentos – e a poesia, se construída em verdade, produz novas formas de perceber as idades de que é feita, afinal, a nossa vida: metro, verso, estrofe, cadência rítmica, corpo a corpo, combate entre vida e morte. Extremidades da linha de fogo.

in Linha de Fogo, Licorne, 2012

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