Vês, apesar de me faltarem as
palavras
bem me tento expressar e, melhor ou pior,
qualquer coisa vai saindo, nem que seja noutra
língua e com uma hora de diferença.
Enquanto descíamos as ruas, maravilhosos
braços de alcatrão, ensinava-te a dizer
sítios e gentes, coisas e sentimentos
e se a fome apertava
(para mim era sempre cedo)
paella, bocadillo ou churros con chocolate
serviam de alimento
ocupando as horas em que algum silêncio
se instalava
a cidade aberta
e na tua memória o interminável jardim,
um lago imenso repleto de barcos e pessoas
que nem sequer
sabiam remar
no regresso a palavra que nunca esquecerás:
lechuga
que nem chegámos a provar.
José Duarte
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