Aos Sábados repousava:
instalava-me no lugar mais cómodo
da minha cultura ocidental,
de cachimbo num quadro de época,
e levantava com o olhar
as rolas passeabundas da marquise.
Nos intervalos,
cultivava em pequenos parágrafos,
ao lado de couves-flor à sombra dum ginjal,
a história universal
do jeito como andas pela sala,
Adélia, Rosa-Maria, Lulú,
toda feita de rendas, toda gazes e veludos,
toda cheia de recantos africanos,
penas e cheiros, paisagens com garrafas,
pretos e pelicanos,
savanas e leopardos, minas gerais,
anéis e diamantes,
casas de campo em Vigo, Barcelona, Abrantes,
toda feita contas em dólares nos bancos da Suíça,
vistos para Estados Unidos,
minha fufa, minha farofa com linguiça,
toda Armani,
toda Gucci,
toda despida nos filmes de Mizoguchi.
À mesma hora,
na sala de microfilmes da Torre do Tombo,
uma turma de dez alunos curiosos
desfia o pergaminho do meu cancioneiro pessoal
num aparato crítico fundamental:
Filho de mãe incógnita,
fruto de um amor irregular,
(toma nota e vê lá se aprendes):
Carlos Fradique Mendes.
Vim Porque me Pagavam. Lisboa: Mariposa Azual, 2011.
“Books are finite, sexual encounters are finite, but the desire to read and to fuck is infinite; it surpasses our own deaths, our fears, our hopes for peace.” ― Roberto Bolaño
quarta-feira, 29 de abril de 2015
segunda-feira, 27 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Um poema de Maria Sousa
podemos cantar um canção os dois
a valsa da matilde do waits
a voz do vinagre onde o álcool se transforma em som
a valsa da matilde do waits
a voz do vinagre onde o álcool se transforma em som
cactos e bagaço
o blue valentine na kentucky avenue
uma lágrima numa longa
noite sem fim
porque esperamos?
não sei
juro que não sei sentada na berma
já tenho doses de noites a
mais
de esquinas e portas
de adeus em adeus
elas não suportam a separação
não choram mais porque secaram
i never talk to strangers
o som da cidade
fica restabelecido e já não tenho horas
o relógio parou
e eu fiz um gesto obsceno
e desapareci
fica restabelecido e já não tenho horas
o relógio parou
e eu fiz um gesto obsceno
e desapareci
retirado daqui
sexta-feira, 17 de abril de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Lançamento de Natural in Verso - Antologia de textos criativos sobre a natureza
A sessão contará com leituras de: Ana Marques, António Poppe, Diana V. Almeida, David Klein, Isabel Alves, Jeffrey Childs, Mário Avelar, Miguel Castro Caldas, Miguel Cardoso, Patrícia Câmara, Suzana Ramos, Teresa F. A. Alves, entre outros.
Apareçam!
segunda-feira, 13 de abril de 2015
quinta-feira, 9 de abril de 2015
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Poet Not to Be Read at Your Wedding - Beth Ann Fennely
Poem Not to Be Read at Your Wedding
You ask me for a poem about love
in place of a wedding present, trying to save me
money. For three nights I've lain
under the glow-in-the-dark-stars I've stuck to the ceiling
over my bed. I've listened to the songs
of the galaxy. Well, Carmen, I would rather
give you your third set of steak knives
than tell you what I know. Let me find you
some other, store-bought present. Don't
make me warn you of stars, how they see us
from that distance as miniature and breakable
from the bride who tops the wedding cake
to the Mary on Pinto dashboards
holding her ripe, red heart in her ands.
in place of a wedding present, trying to save me
money. For three nights I've lain
under the glow-in-the-dark-stars I've stuck to the ceiling
over my bed. I've listened to the songs
of the galaxy. Well, Carmen, I would rather
give you your third set of steak knives
than tell you what I know. Let me find you
some other, store-bought present. Don't
make me warn you of stars, how they see us
from that distance as miniature and breakable
from the bride who tops the wedding cake
to the Mary on Pinto dashboards
holding her ripe, red heart in her ands.
Beth Ann Fennely. Retirado daqui..
terça-feira, 7 de abril de 2015
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Inversão de Marcha
Às vezes é só isto.
Querer o controlo absoluto
do destino e não conseguir.
Manobras diversas com um carro
e ter que subir a merda do passeio
para evitar bater na carrinha ao lado.
Quem disse que isto tudo é fácil?
Ninguém, eu sei.
Um gajo aguenta-se, diz umas asneiras
segue em frente. E é bom verificar sempre
se a suspensão está boa.
É necessário voltar a pegar no carro e
nunca se sabe quando se perde o controlo.
José Duarte
Querer o controlo absoluto
do destino e não conseguir.
Manobras diversas com um carro
e ter que subir a merda do passeio
para evitar bater na carrinha ao lado.
Quem disse que isto tudo é fácil?
Ninguém, eu sei.
Um gajo aguenta-se, diz umas asneiras
segue em frente. E é bom verificar sempre
se a suspensão está boa.
É necessário voltar a pegar no carro e
nunca se sabe quando se perde o controlo.
José Duarte
sábado, 4 de abril de 2015
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Oh, the places we go
Judith Schalansky. Atlas of Remote Islands: Fifty Islands I Have Never Set Foot On and Never Will. Penguin, 2010.
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2010,
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