domingo, 26 de julho de 2015

WEAPONS: WITH WHICH SHE THREATENS HIM - Phoebe Power

her tongue, kissing him all over, 
hands on his lovely long hands, his own
beautiful hands hurt him, her purple-coloured
self that goes and grows

with this mirrored body
I just find you attractive

get the payment, slide the card in, 
black lingerie and – depend on it – 
bronzer, no hair, wrapped
sandwich, swivel chair, socks, 
suit, surface. She’s gone. 
No picture to play; 
wiped memory. 


Phoebe Power. Retirado daqui.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Comparação Da Dimensão Do Espaço Depois Da Subtração Da História

“You can´t escape the past in Paris, and yet what´s so wonderful about it is that the past and presente intermingle so intangibly that it doesn´t seem to burden.”
                                                         Allen Ginsberg

Tens razão quando dizes que Montmartre é como a aldeia
           do meu pai, mas a aldeia do meu pai
Sempre comeu e bebeu  o que o suor e a terra lhe deu,
           lá se plantava e lá se colhia, em Montmatre
Há uma vinha cujo vinho quase ninguém prova, mas tanta
           gente conhece e viu, não me parece
Que comam as heras que crescem na paredes das casinhas,
           nem vi galinhas a correr pelas ruas
Ou debaixo das mesas dos cafés, vi sim uma ou outra pomba,
           aves citadinas essas, que raras vezes
Vi na aldeia do meu pai a pedinchar um pedaço de pão, na aldeia
            do meu pai não há pedintes
De nenhum tipo, só portas abertas e a partilha do pouco que se tem,
            mas Montmartre respira
Ainda, mesmo que o sangue seja vinho daqui ou dali, as casas
            brilham e no seu tamanho são
Maiores do que o desprezo dos descendentes que herdaram telhas
            que apodrecem e cedem
Tudo, colapsando todas as noites à lareira, todos os gemidos nos
            partos em colchões de palha,
Todos os gatos que entravam por buracos pequenos em baixo das
            portas, como o frio
Entrava nos ossos da gente, Montmatre tem ainda luz, tem olhos,
            tem gente, gente que
Procura nas ruas a presença de quem já lá não está, mas tens razão,
            as ruas são tão largas
Num lugar como noutro, apesar da macadamização ser bem recente
            num lado e estar
Já bem polida noutro, falta gente e uma cidade inteira aos pés para
            se poder comparar,
Mas mesmo assim, não sei onde me sinto mais em casa, se onde
            as memórias são minhas,
Se onde as memórias são as que queria que fossem minhas, noutros
            tempos, as mesmas pedras.


João Bosco da Silva. Retirado daqui.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Wilderness - Patti Smith

Do animals make a human cry
when their loved one staggers
fowled dragged down
the blue veined river
Does the female wail
miming the wolf of suffering
do lilies trumpet the pup
plucked for skin and skein
Do animals cry like humans
as I having lost you
yowled flagged
curled in a ball
This is how
we beat the icy field
shoeless and empty handed
hardly human at all
Negotiating a wilderness
we have yet to know
this is where time stops
and we have none to go
Patti Smith. Auguries of Innocence. London: Virago, 2005.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Viento fresco por la ventanilla - Luis Chaves

La recta interminable que se hace líquida en el horizonte. Ella, ahora de copiloto y el asiento reclinada, con la uña del índice se saca basurillas del ombligo.
-¿Cómo es que llegan hasta aquí?
-Podrías hacer una almohada con tanta pelusilla.
En ambos lados de la carretera, extensos terrenos de cultivos cuyos nombres ignoran los dos. Los sistemas de irrigación como aerosoles gigantes que bañan la tierra. Lluvia falsa sobre las plantas.
El aire frío que entra por las ventanillas y el lento repliegue de la tarde sugieren lo que antes hubieran llamado de otro modo. Sin mirarse, se toman de la mano. Por costumbre, por entumecimiento, por falta de imaginación. Sonrisas que no se terminan de dibujar, palabras que no se dicen ni se van a decir más. Gestos falsos.

Luis Chaves. Asfalto. Un Road Poem. Retirado daqui.