quinta-feira, 29 de março de 2012

O Polícia

Estava sentado numa pequena cadeira, junto ao balcão do café. Bebia um copo ou outro, porque tinha acabado de sair do serviço. Era apenas para relaxar. O empregado do café permanecia de pé à espera de clientes. A sala principal era um local pouco iluminado, mas arrumadinho. Ao fundo dessa sala uma televisão passava um jogo de futebol. De vez em quando o homem virava a cara, concentrava-se e tentava saber qual o resultado.

O outro homem sentou-se ao lado do primeiro homem. O primeiro homem, de vez em quando, levantava o chapéu e coçava a cabeça, em sinal de aborrecimento. O segundo homem, depois de pedir um copo para aliviar a tensão, reparou no esforço do primeiro homem sempre que tentava ver o resultado do futebol. Estranhando a falta de visão do homem perguntou-lhe como fazia quando era para apanhar ladrões, uma vez que não via muito bem. O polícia respondeu-lhe que, na maior parte das vezes, fechava os olhos. Não porque era mais fácil, mas porque se sentia muito cansado.


De Tudo o que acontece

(José Duarte)

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