sei fazer
música com uma pedra espalmada
abraçar
as árvores do lado que se adormece a norte
seios,
que os tenho, contra musgo espartilhados
se do
abraço o verde tinge fico um dia de molho, entre correrias de água
solta,
riacho, salta
que frio não sinto
beijos de
truta no peito barriga coxas são sabão
depositam-me
pepitas de ouro na mão
confundiu-se
uma, truta, de amores uma vez
desovou-me
na mão
a direita
a roçar a
margem
de novo
musgo fiz ninho a jusante
larguei
da mão, montei guarda
cantei
embalos com pedra espalmada
nomes de
baptismo, bolacha, chá verde, matcha
luva,
cão, camisa branca de seda muito leve e tudo o que sinto falta, eu bicho
impossível da neve
ter
saudade da língua queimada de chá, cevada, chocolate quente
aqui
queimar a língua com frio dormente
com musgo
nos lábios à espera
e, quando
um dia o tempo amainou
num
instante para sul nadaram
bolacha,
chá verde, matcha
luva,
cão, camisa branca de seda muito leve e tudo o que sinto falta, eu bicho
impossível da neve
Sónia Baptista. Tempus Fugit. Mariposa Azul: Lisboa, 2012.
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