domingo, 19 de fevereiro de 2012

Declaração de Intenções - Margarida Vale de Gato



Para aqueles que insistem diluir

isto que escrevo aquilo que eu vivo

é mesmo assim, embora aluda aqui

a requintes que com rigor esquivo.


À língua deito lume, o que invoco

te chama e chama além de ti, mas versos

são uma disciplina que macera

o corpo e exaspera quanto toco.


Fazer poesia é árido cilício,

mesmo que ateie o sangue, apenas pus

se extrai, nem nunca pela escrita


um sólido balança, ou se levita.

Então sobre o poema, o artifício,

a borra baça, a mim a extrema luz.


Margarida Vale de Gato, Mulher ao Mar, 2011, Mariposa Azual

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